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Götzen-Dämmerung oder Wie man mit dem Hammer philosophirt
Friedrich Wilhelm Nietzsche
(1889)

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Götzen-Dämmerung oder Wie man mit dem Hammer philosophirt Crepúsculo dos Ídolos: ou Como Filosofar com o Martelo
Vorwort.Prefácio
Inmitten einer düstern und über die Maassen verantwortlichen
Sache seine Heiterkeit aufrecht erhalten ist nichts Kleines von -
Kunststück: und doch, was wäre nöthiger als Heiterkeit? Kein Ding
geräth, an dem nicht der Übermuth seinen Theil hat. Das Zuviel von
Kraft erst ist der Beweis der Kraft. - Eine Umwerthung aller Werthe,
dies Fragezeichen so schwarz, so ungeheuer, dass es Schatten auf Den
wirft, der es setzt - ein solches Schicksal von Aufgabe zwingt jeden
Augenblick, in die Sonne zu laufen, einen schweren, allzuschwer
gewordnen Ernst von sich zu schütteln. Jedes Mittel ist dazu recht,
jeder "Fall" ein Glücksfall. Vor Allem der Krieg. Der Krieg war immer
die grosse Klugheit aller zu innerlich, zu tief gewordnen Geister;
selbst in der Verwundung liegt noch Heilkraft. Ein Spruch, dessen
Herkunft ich der gelehrten Neugierde vorenthalte, war seit langem mein
Wahlspruch:

increscunt animi, virescit volnere virtus.

Eine andere Genesung, unter Umständen mir noch erwünschter, ist Götzen
aushorchen... Es giebt mehr Götzen als Realitäten in der Welt: das ist
mein "böser Blick" für diese Welt, das ist auch mein "böses Ohr"...
Hier einmal mit dem Hammer Fragen stellen und, vielleicht, als Antwort
jenen berühmten hohlen Ton hören, der von geblähten Eingeweiden redet
- welches Entzücken für Einen, der Ohren noch hinter den Ohren hat, -
für mich alten Psychologen und Rattenfänger, vor dem gerade Das, was
still bleiben möchte, laut werden muss...

Auch diese Schrift - der Titel verräth es - ist vor Allem eine
Erholung, ein Sonnenfleck, ein Seitensprung in den Müssiggang eines
Psychologen. Vielleicht auch ein neuer Krieg? Und werden neue Götzen
ausgehorcht?... Diese kleine Schrift ist eine grosse Kriegserklärung;
und was das Aushorchen von Götzen anbetrifft, so sind es dies Mal
keine Zeitgötzen, sondern ewige Götzen, an die hier mit dem Hammer wie
mit einer Stimmgabel gerührt wird, - es giebt überhaupt keine älteren,
keine überzeugteren, keine aufgeblaseneren Götzen... Auch keine
hohleren... Das hindert nicht, dass sie die geglaubtesten sind; auch
sagt man, zumal im vornehmsten Falle, durchaus nicht Götze...

Turin, am 30. September 1888,
am Tage, da das Buch der Umwerthung
aller Werthe zu Ende kam.

FRIEDRICH NIETZSCHE.


Conservar a sua serenidade frente a algo sombrio, que requer responsabilidade além de toda medida, não é algo que exige pouca habilidade: e, no entanto, o que seria mais necessário do que a serenidade? Nada chega efetivamente a vingar, sem que a altivez aí tome parte. Somente um excedente de força é demonstração de força. - Uma transvaloração de todos os valores, este ponto de interrogação tão negro, tão monstruoso, que chega até mesmo a lançar sombras sobre quem o instaura - um tal destino de tarefa nos obriga a todo instante a correr para o sol, a sacudir de nós mesmos uma seriedade que se tomou pesada, por demais pesada. Qualquer meio para tanto é correto, qualquer "caso", um golpe de sorte. Sobretudo a guerra. A guerra sempre foi a grande prudência de todos os espíritos que se tornaram por demais ensimesmados, por demais profundos; a força curadora está no próprio ferimento. Uma sentença, cuja origem mantenho oculta frente à curiosidade douta, tem sido há muito meu lema:
increscunt animi, virescit volnere virtus.[1]

Uma outra convalescença, que sob certas circunstâncias é para mim ainda mais desejável, consiste em auscultar os ídolos... Há mais ídolos do que realidades no mundo: este é o meu "mau olhado" em relação a esse mundo, bem como meu "mau ouvido"... Há que se colocar aqui ao menos uma vez questões com o martelo, e, talvez, escutar como resposta aquele célebre som oco, que fala de vísceras intumescidas - que encanto para aquele que possui orelhas por detrás das orelhas! - para mim, velho psicólogo e caçador de ratos que precisa fazer falar em voz alta exatamente o que gostaria de permanecer em silêncio…

Também este escrito - o título o denuncia - é antes de tudo um repouso, um feixe de luz solar, uma escorregadela para o seio do ócio de um psicólogo. Talvez mesmo uma nova guerra? E novos ídolos são auscultados?... Este pequeno escrito é uma grande declaração de guerra; e no que concerne à ausculta dos ídolos, é importante ressaltar que os que estão em jogo, os que são aqui tocados com o martelo como com um diapasão, não são os ídolos em voga, mas os eternos; - em última análise, não há de forma alguma ídolos mais antigos, mais convencidos, mais insuflados... Também não há de forma alguma ídolos mais ocos... Isto não impede, que eles sejam aqueles em que mais se acredita; diz-se também, sobretudo no caso mais nobre, : que eles não são de modo algum ídolos…

Turim, 30 de setembro de 1888, no dia em que chegou ao fim o primeiro livro da
Transvaloração de todos os valores.

Friedrich Nietzsche

[1] Os espíritos crescem e a virtude floresce, à medida que é ferida. (N.T.)



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